Aumente seu Repertório: DeepSeek e a corrida EUA x China

Ter repertório traz profundidade à nossa capacidade de comunicação, por isso criamos este espaço para assuntos importantes! Entenda por que o DeepSeek já é um dos protagonistas de 2025!

Inteligência artificial (IA) e a disputa entre Estados Unidos e China pela hegemonia no setor já chegaram chacoalhando 2025. O aplicativo chinês DeepSeek é um dos  assuntos do momento, pois surpreendeu o mundo e fez empresas de tecnologia dos Estados Unidos (EUA) perderem US$ 1 trilhão em valor de mercado em apenas um dia.

Como isso aumenta seu repertório?

Além da IA ser uma tecnologia disruptiva, especialistas já apontam a disputa tecnológica entre EUA e China como um marco histórico e uma espécie de repetição da corrida espacial da Guerra Fria. 

Em 1957, o lançamento do satélite Sputnik pela União Soviética surpreendeu os americanos e iniciou a disputa pela conquista do espaço e, consequentemente, pela hegemonia mundial. 

Agora, a China causou espanto similar ao anunciar o DeepSeek, aplicativo que se equipara ao ChatGPT, mas a um custo bem mais baixo e com particularidades interessantes no desenvolvimento da inteligência artificial generativa.

Por que o DeepSeek chacoalhou o mundo?

Principalmente porque mexeu no modelo de negócio de gigantes da IA.

Mecanismos como o ChatGPT, fabricado pela Open IA e que lidera o mercado, custaram aproximadamente US$ 100 milhões para serem treinados. Já o governo chinês afirma ter gasto US$ 6 milhões, quase 17 vezes menos, no desenvolvimento do DeepSeek.

Por que empresas americanas, como a NVidia, foram tão afetadas?

Os mecanismos como o DeepSeek e o ChatGPT são baseados em LLMs, modelos de linguagem em larga escala. Eles basicamente são treinados para reproduzir a linguagem humana. Demandam grande poder de processamento de dados e gastam quantidades exorbitantes de energia elétrica e água.

A americana NVidia praticamente detém o monopólio de fabricação dos chips desses computadores mais avançados. E os chineses estão, desde 2022, proibidos pelos americanos de adquirir esses componentes. Então, ainda que restem dúvidas em relação ao custo real do DeepSeek, existe solidez para afirmar que o app foi feito com tecnologia inferior à usada pelos americanos – mesmo que tenha usado processadores menos poderosos da NVidia. 

Segundo o divulgado, o modelo de linguagem chinês gastou milhões de horas a menos para ser treinado. Ou seja, houve economia no aluguel das máquinas usadas no processamento de dados e no consumo de recursos naturais.

Abre-se tanto a perspectiva de baratear e expandir o uso de IA, quanto a de facilitar a entrada de mais players no mercado. E foi isso que causou o terremoto nas empresas americanas líderes do setor, que chegaram a perder US$ 1 trilhão em valor de mercado. 

Como o DeepSeek funciona?

Assim como o ChatGPT, é um aplicativo que roda em celulares e em computadores, mas é gratuito. 

Tem o chamado modelo reflexivo de IA. Ou seja, em vez de dar uma resposta pronta, ele constrói caminhos para responder. Tem a capacidade de mostrar seu raciocínio e reformular a resposta para se moldar à pergunta do usuário. Mesmo que ainda seja incapaz de extrair informações de imagens, pode ser especialmente útil para resolver
problemas lógicos e ajudar programadores.

De acordo com especialistas, a grande sacada é que o modelo da DeepSeek tem código aberto, o que possibilita que seja usado em outros dispositivos, como eletroeletrônicos inteligentes. Isso pode realmente democratizar o uso da IA.

O que esperar para o futuro da IA?

Essa disputa não deve rachar o mundo entre EUA e China. Contudo, segundo Álvaro Machado Dias, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) ouvido pelo portal G1, coloca em xeque a ideia de que os EUA vão manter a liderança global em infraestrutura de inteligência artificial. 

Já Pedro Burgos, jornalista, consultor de inteligência artificial e professor do Insper, acredita que o mais interessante desse caso é olhar para os ganhos intangíveis, que são incalculáveis.

“É simbólico. No DeepSeek, você tem 199 autores e todos são chineses e são de universidades chinesas. A China não está mais copiando tecnologia ocidental, ela está criando inovações”, afirmou no podcast O Assunto. 

 

Nossas referências para esta pauta:

A Hora, do UOL, com Thaís Bilenky e José Roberto de Toledo

O Assunto, do G1, com Natuza Nery

Reportagem da BBC, com Camilla Veras Mota

Reportagem do G1:  Momento Sputnik

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